12 de abr. de 2010

Chico disse do pé do ouvido ao coração

Hoje, no ônibus à caminho da faculdade, Chico ( o Buarque ) cantarolava em meu ouvido. Estava eu passando bem ao lado de umas - das várias na cidade - das ruas que depois de correnteza e lama, parecem estantes empoeirada gigantes com todo seu exagero e sensação de espirro mesmo com a passagem de uma simples bicicleta. Pois é gente minha cidade tão bonita está assim. Mas e o Chico né. 
Bem, Chico cantava " Futuros Amantes ". Sabem aquela assim:

E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvão

E caramba isso me deu um aperto. Aperto mesmo. Não digo que chorei. Mas minha cabeça ficou a mil. Pode parecer exagero mas ainda não deu pra se recuperar dessa enxurrada de tristeza que invadiu minha cidade. Não ouvindo pessoas que conheço que perderam amigos. Não passando no corredor da faculdade e vendo os alimentos serem doados. Nem com mensagens de email diárias pedindo doações. Nem com relatos diários de fatos e fatos. 
Não dá gente. Porque eu olho pro céu e sinto medo. Olho a chuvinha mais fina que cai e já dá uma angústia. Espero o sol. Ele vem, dá um oi e vai. Vem a chuva cinza e com seu ar de castigo. Só se sabe o quão gostoso é chegar em casa quando um dia você simplesmente não  consegue chegar (colocando na situação mais crítica e esquecendo os dias de puro cansaço ok).
Não sei, acho que a minha ficha só caiu agora mesmo.
E Chico hoje às sete e meia da manhã no meu ouvido fez uma ligação direta com meu coração. Com a minha alma fundida nessa cidade minha.
Sabe o estalo do post anterior? Pois é. Esse mesmo. Só que esse foi doloroso.
Nem Chico com toda sua poesia me livrou desse peso no coração.
Mas deixo aqui a música para escutar.
Para que todos apreciem. Cada um com suas histórias. Cada um com seus estalos.






6 comentários:

Anônimo disse...

Não sei como eu ainda não tinha relacionado Futuros Amantes com as enchentes do Rio... Talvez pela subjetividade da canção e o triste pragmatismo da realidade.
Sabe Santa Catarina? Voltou a ser a mesma, está se reconstruindo. O Rio de Janeiro voltará a ser lindo. Acredito nisso. :)

Abraços

Jeferson Cardoso disse...

Olá Carol! Hoje é quinta-feira, uma correria. Não repare em minha visita relâmpago, mas venho lhe convidar para ler o novo capítulo de “O Diário de Bronson (O Chamado)” e deixar o seu comentário.

Retornarei com melhores modos e mais tempo. Tenha uma ótima semana. Abraço do Jefhcardoso!

amanda.monteiro disse...

Oi Carol, que bom receber sua visita lá no blog! E comente sempre que quiser, tá!
Bjos.,

Amanda

disse...

Amei o blog. Realmente, dá um aperto no coração, né? E olha que eu só sei do que leio e ouço... Mas as coisas, aos poucos, voltarão a ser como antes. Beijo.

Aninha disse...

Nossa, arrepiei com tudo isso que tu disse. É muito triste ver uma cidade assim, debaixo d'água... sorte que eu nunca passei por essa experiência, e poço a Deus que nunca passe, porque deve ser horrível.
Posso dizer que sentia a tristeza das pessoas pela televisão mesmo, tamanha foi a destruição...
Beijo!

Mel disse...

Muito bom este texto, Carol!!!
Adorei. Achei dolorido, dá pra ver sua dor nele e sentir junto.
Eu já mencionei que sem ter nunca ido ao Rio, meu coração ficou apertado, porque é a nossa cidade maravilhosa sendo tão judiada e a gente sem poder fazer nada. Quem pode contra a natureza??
Então fico pensando em vocês, os "cariocas da gema", como devem estar chorando junto com a chuva...
Mas veja. Vai passar! :-) Pense que o Chico está sofrendo junto com você e vai chegar o dia que ele vai buscar alívio e provavelmente você vai saber/escutar quando este dia chegar...
beijos!